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quarta-feira, 24 de abril de 2013

2 atividades valendo nota

Caros,

Atualizando o post sobre "duas atividades valendo nota":

Atividade nº 1 (escolha do protagonista)

Alguns critérios para saber identificar personagens potencialmente "interessantes" foram explicitados na aula de 24/04.
Se você não foi à aula, peça ajuda a um colega.
Outras orientações importantes, que podem evitar perda de tempo:
- Prefira uma pessoa que certamente concordará em ser o seu personagem.
- Proponha uma pessoa com o qual você possa se relacionar presencialmente ao longo do bimestre.
- Lembre-se: você terá de encontrar-se com o seu personagem em pelo menos dois lugares totalmente diferentes.
- O texto contendo a sua proposta/justificativa tem estar postado neste blog até o dia 2 de maio (quinta-feira).
- Esta atividade vale 1 ponto.
Atenção: sempre que você mudar de "personagem", poste uma justificativa para a sua nova escolha, mas mantenha a(s) sua(s) proposta(s) anterior(es).


Atividade nº 2 (exercício sobre metodologia/conceitos)
 
Entrar nos links abaixo, imprimir os três textos e levá-los para a aula do dia 8/5.
1) "Feições de um perfil"
http://www.sergiovilasboas.com.br/blog/cursos/feicoes-de-um-perfil/

2) "A arte do Perfil"
http://www.sergiovilasboas.com.br/blog/cursos/a-arte-do-perfil

3) "Diretrizes para um Perfil"
http://www.sergiovilasboas.com.br/blog/cursos/diretrizes-para-um-perfil/

No dia 8/5 realizaremos um exercício com esses 3 textos em SALA.
Este exercício valerá 2 pontos.

Abs
Sergio

Reportagem Temática - Thais Varela


De repente Fast Fashion
A nova mania do mercado fashion são as cadeias de lojas que possuem dentro de uma coleção
Por Thais Varela

sábado, 20 de abril de 2013

Reportagem temática - Lucas Brêda


Por amor às causas perdidas


Reportagem Temática - Victoria Matsumoto


Mulheres de muitos amores

Não se sabe ao certo quando surgiram, mas dizem que é a mais antiga profissão do mundo.

Por Victoria Matsumoto

Reportagem temática - Karina Goto


O quadrinho em 2013
O que este ano promete para a divulgação das histórias em quadrinhos nacionais e internacionais

Karina Goto

Reportagem Temática - Letícia Dias


Transmídia is the new black

Através de todo tipo de tecnologia, novos criadores de conteúdo online quebram todas as barreiras de narrativa

Reportagem Temática - Juliana Ortega


Bola, torcida, segurança. Substantivos femininos.
Juliana Ortega de Moraes

Reportagem Temática - Ana Paula Sanches


Old is cool: direto do século passado, o retorno dos LPs
A relação entre os discos de vinil e os apaixonados por música no século XXI


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Reportagem Especial - Victor Puia


O renascimento das bolachas: a salvação?
O que está por trás do “revival” dos discos de vinil e por que ele é essencial para a indústria fonográfica

Por Victor Puia

Caixas lotadas de vinis dominavam todos os cantos daquele espaço, que não era tão amplo. Na entrada, algumas vitrolas, que podiam estar sendo expostas por vendedores ou apenas funcionando como ornamento. Alguns poucos CD’s ocupavam pequenas prateleiras espalhadas por ali. Ao fundo um jovem de braços tatuados, vestindo uma camiseta do Pearl Jam e um par de tênis surrados manejava um toca-discos. Em pouco tempo, o ambiente foi tomado pelo som pesado do Black Sabbath. Ele pegou o encarte do álbum Master of Reality, da banda inglesa, e examinava-o meticulosamente, enquanto outros jovens corriam os dedos por suas pilhas de vinis de artistas nacionais e internacionais.
Esta cena fez parte da “Feira de Discos”, uma feira de LP’s que ocorreu no bairro Pinheiros, em São Paulo, em março deste ano. Promovida pela loja Locomotiva Discos, o evento é organizado bimestralmente, em bairros diversos da capital. “São 50 expositores no total; entre vendedores, sebos e outras lojas”, afirmou Marcio Custodio, proprietário da loja e organizador da feira, que ocorre desde junho de 2011. Apesar de ser uma feira de, na maioria, discos antigos e usados, era, no mínimo, curioso a faixa etária predominante: jovens, na faixa dos 18 aos 25, adolescentes e mesmo crianças.
Feiras como esta veem ocorrendo com frequência maior na cidade e, apesar de não serem novas, chamam a atenção para um fato: os discos de vinil estão voltando. Os dados dos últimos anos provam. Em 2012, 4.6 milhões de unidades foram vendidas, nos EUA. As vendas subiram 17.7% desde 1993, segundo a agência Nielsen Soundscan, sendo que o maior pulo foi de 2007 para 2008. Já no Reino Unido, 15.3% mais LP’s foram vendidos de 2011 para 2012, segundo a Entertainment Retailers Association (ERA).
No Brasil, a febre dos discos não é tão alta, porém, desde 2008, as vendas têm sustentado uma decadência significativa de CD’s nas lojas especializadas. Carlos Calanca, vendedor da loja Baratos Afins, localizada no centro de São Paulo, diz que seu grande acervo de vinis foi fundamental. “Vendo muito mais vinil do que CD. E a maioria dos clientes é jovem.”
O que muitos devem se perguntar é por que um formato tão antigo, que requer tanto espaço, cuidado e equipamento pesado ainda conquista tantas pessoas, em meio a uma era em que o compartilhamento de arquivos é algo tão comum.
“Eu acho que a mídia, quanto mais tangível, mais é respeitável. Vendo a agulha extrair aquele som do vinil faz com que aquilo pareça mais genuíno. O mp3, por exemplo, não segue um padrão, as informações são desencontradas. E o som do vinil, com uma aparelhagem boa, é algo muito bonito”, diz Fabio Marques, 24, mineiro.
Já Felipe Martins, 23, carioca, estudante de Cinema, declara sua paixão pelos vinis destacando três motivos principais. “A arte das capas; o som, que considero mais "denso"; e toda a jornada que você passa para encontrar um disco e conseguir comprá-lo. Até o cheiro me atrai”.
Os dois jovens resumem os principais atrativos do vinil, mais usados para justificar a preferência. Mas a volta dos “bolachões” vai muito mais além disso. Desde sua invenção, o sucesso durou pelo menos três décadas, até os anos 1980, quando chegaram próximo a seu fim. Nessa época, o CD foi introduzido no mercado pela Sony e a Philips, que usaram a desculpa da tecnologia digital para forçar os consumidores a aderir ao novo formato. O CD ameaçava o vinil pela sua maior durabilidade, segurança e portabilidade. Na verdade, a mais significante era esta última, fator que guiou praticamente toda a história da indústria fonográfica.
No inicio do milênio, o CD entrou em decadência, relacionada diretamente à invenção do mp3. Patenteado em 1995 pelo instituto alemão de áudio Fraunhofer, este formato é a compressão do áudio digital. Junto à popularização da internet, o mp3 revolucionou a indústria musical, com o crescimento de softwares de compartilhamento de arquivos. Apesar do obstáculo das gravadoras, que processaram seus clientes pela livre circulação de arquivos na internet, hoje, é possível baixar discografias inteiras.
“Mas que graça tem isso?”, indaga o designer e estudioso do vinil Fabio Marques, 33, sobre a facilidade e rapidez de acesso à música, proporcionada pelo mp3. Fabio é colecionador de vinis, importava-os para sua coleção e passou a vendê-los para amigos e no site Mercado Livre. “As pessoas querem mais, querem ver sentido nas coisas, querem sentir-se parte das coisas mais do que nunca. E o vinil proporciona isso”.
A questão é que os vinis estão de volta, mas não apenas pela juventude estar comprando. Existem tipos diferentes consumidores de vinil. Muitas pessoas que, hoje estão na meia idade, conservaram seu gosto pelos discos desde sua juventude. São aqueles que nunca pararam de comprar ou compravam e, agora, com a alta, voltaram a investir. Há os jovens, que passaram a comprar vinis depois do boom, incitados pela mídia e pelas redes sociais. E, por último, existem os que prezam pelo melhor áudio, sempre, sendo assim, é mais provável que o encontre no vinil.
“O vinil tem esse lado “cool”, nostálgico. Os jovens lembram-se do que o tio ouvia, a mãe tem guardado, ou mesmo os que não tiveram esta experiência quando crianças, hoje, motivados pela mídia, ficam curiosos para saber por que esse formato resistiu”, diz Fabio.
Outro fator que pode ser levado em conta pra justificar a volta dos LP’s é uma possível valorização maior da música, visto que os consumidores destacam seu som como melhor que os de outros formatos, mais natural. Contudo, os especialistas não concordam. “Essa febre do vinil acabou se transformando em uma ‘modinha’, só mais uma das estratégias do mercado. No Brasil, as pessoas querem ter apenas por ter, não buscam conhecer, nem estudar, não se interessam por nada. E acabam pagando caro por isso”.
Marcelo Costa, jornalista, editor do site de cultura pop Scream&Yell e colecionador, também discorda que o fato de a juventude colecionar LP’s tenha aumentado o valor dado à música, pois ele nunca foi perdido, seja qual for o formato. “O período da história da humanidade em que mais se ouve música é hoje, porque o transporte, o acesso, está mais fácil. Há um charme na dificuldade que faz com que a pessoa valorize aquilo que é mais difícil obter”.
Sobre os diferentes formatos, Marcelo defendeu que a variedade é importante. “Tudo é música. Acho que cada formato atende a uma necessidade. Nunca cairia nessa de dizer que o som do vinil é melhor e tal. Meu ouvido não é tão preparado pra isso. Claro, quando você ouve um mp3 qualidade ruim é perceptível a diferença”. Contudo, há casos e casos.
“90% do que eu ouço é nas mídias tradicionais. O vinil especificamente tem um ritual: em todas as sextas feiras à noite, eu os ouço, sozinho. Isso é algo que eu sigo sempre”, revela Ricardo Marques, aficionado por k-7 e vinil. Aos 15 anos, ele começou a garimpar à procura de amplificadores, mesas de som e outros elementos que compõem a aparelhagem necessária para rodar essas mídias mais antigas. Depois de conseguir sua tape-desk, um bom toca discos e caixas de som de qualidade, deu início à coleção de vinis. Sua reserva em mp3 está no computador, mas nunca mais baixou música nesse tipo de formato.
“Tem sido um grande exercício de personalidade também, porque o bullying é forte”, brinca Ricardo. O rapaz diz que os amigos acham seu hobby interessante, mas não concordam no uso contínuo que faz de mídias que consideram ultrapassadas. “O fato da busca pela música ser mais complicada e do armazenamento ser limitado são os pontos que eles mais questionam. Mas também há dias em que eu os recebo em casa e automaticamente, ao chegar, eles veem o pick up na sala e pedem pra colocar algum disco”.
Reunir a família ou os amigos em casa para ouvir discos na vitrola é um hábito que se perdeu com o a evolução dos formatos de áudio. Ouvir música tornava-se um programa especial, um momento do dia ou na semana em que se reservava para desfrutar do som de seus artistas prediletos. Hoje, esse ato é banal e individualizado. Cada um tem seu fone de ouvido e a música funciona como pano de fundo enquanto fazemos outras atividades.
“Eu gosto de ouvir música da mesma maneira que assisto filmes: paro tudo, boto o disco e escuto do início ao fim. Acho que o vinil proporciona mais interesse de se ter essa experiência. E, volta e meia, convido algum amigo pra ouvir suas bandas favoritas. Eles sempre gostam. Aproveito também para mostrar-lhes músicas novas”, diz Felipe Martins.
Novos artistas
Desde que o CD entrou em queda, o vinil acabou por salvar o mercado de música. Nos EUA e na Europa, as gravadoras, percebendo o boom dos LP’s, a partir da metade da primeira década dos anos 2000, passaram a investir nesta antiga plataforma. Assim, muitos álbuns foram relançados e novos artistas também produziram seus long play’s paralelamente ao CD.
Os artistas independentes são o forte do mercado de vinil. Em 2012, a banda inglesa The XX, lançou seu segundo álbum, Coexist, que foi o mais vendido do Reino Unido. Em segundo lugar, ficou o relançamento de 'The Rise And Fall Of Ziggy Stardust And The Spiders From Mars', de David Bowie, e Blunderbuss, do guitarrista Jack White.
No Brasil, a gravadora Deckdisc comprou, em 2007, a única fábrica de vinis do país e da América Latina, a Polysom, depois de notar o aquecimento no mercado americano e europeu. A fábrica tem capacidade para produzir 28 mil LP’s por mês. Os primeiros discos lançados foram Cinema, da banda Cachorro Grande, Fome de Tudo, da Nação Zumbi, Chiaroscuro, da Pitty e Onde Brilhem os Olhos Seus, de Fernanda Takai.
Matheus Motta, 23, designer gráfico, mudou-se para Pernambuco, há muitos anos, e formou uma banda. Ele fazia a arte de discos de amigos, e, em 2012, com composições em mãos, o jovem tentou lançar um long play, mas não tinha edital suficiente para isso. “Eu acho bacana pela arte gráfica, o lance da longevidade, qualidade do som, mas realmente é pra quem tem condições ou esquemas com selos que prensam em vinil. Ainda não rolou de este meu sair, mas eu adoraria”.
Porém, alguns artistas preferem lançar seus discos por gravadoras estrangeiras, pois além de ser mais barato, tem melhor qualidade. Tulipa Ruiz lançou seu primeiro álbum, Efêmera, em LP, pela Vinyl Land Records, gravadora inglesa. Fabio Marques diz que nossa prensagem era de má qualidade. “Vejo muita gente se vangloriando por vinis nacionais velhos. Infelizmente são terríveis de se ouvir, e só servem mesmo para guardar lembranças. Os ingleses, alemães e japoneses são espetaculares, principalmente as primeiras prensagens”, diz.
Hoje, a Deckdisc lança vinis prensados a partir do CD, ou seja, o áudio é digital. Perde-se, portanto, o diferencial, o som característico. Pensando nesse sentido, pode-se dizer que a volta do LP é puramente uma estratégia da indústria fonográfica, vendendo um estilo de vida, alimentado pelo alcance da mídia e das redes sociais.
Futuro
Enfim, tudo indica que os vinis estão de volta com força. A necessidade de ter uma música palpável, o aumento do seu consumo, impulsionou a indústria, tornou-se alternativa para os artistas e ganha cada vez mais fãs, seja por conta do som superior, da arte da capa e o encarte ou simplesmente por que seu amigo tem e parece “cool”.
Quanto ao futuro da indústria fonográfica, as opiniões são diversas. Matheus Motta, não é tão otimista quanto ao futuro do “bolachão”. “Acho o vinil demais, mas é inevitável, ele vai perder força. Não vai sumir, mas não vai dominar”, diz o músico. Fabio Marques, diz que é capaz de crescer no Brasil, mas não tem certeza se as pessoas vão querer comprar toda a aparelhagem. “Sumir não vai, é o tipo da coisa que as pessoas se apegam, guardam, criam afeto”, diz. Já Marcelo Costa, prevê um futuro em que todos os formatos irão conviver.
Uma coisa é certa e inegável: o vinil pode ser a única solução para a pirataria no futuro. Não é fácil reproduzir um disco como um CD e é praticamente impossível impedir o compartilhamento de arquivos na internet. Só o tempo nos dirá.
E você, qual formato prefere?

Reportagem Temática - Júlia Faria


BANCANDO A PAULISTA
A aparente contradição existente na Avenida Paulista pode ser encontrada a cada 100 m, o grande número de bancas de jornal em meio a um ambiente que se pretende moderno. Tudo pode ser resolvido com um toque pessoal e sociológico.

Reportagem Temática - Dora Anderáos



Um Paraíso Ameaçado
O turismo prejudicial em Ilhabela e os impactos sociais que ele traz para a cidade apesar de ser a principal atividade econômica da região.

Reportagem temática - Gabriela Monteiro


O futuro se encontra em pequenas mãos.


Reportagem Especial - Ana Carolina Silva



O PARADOXO DA ADMIRAÇÃO
Qual é a importância dos ídolos para a formação da personalidade e imagem de um jovem?


Reportagem Especial - Isabella Santoro



A tatuagem e as mulheres: discutindo a relação
Uma pequena viagem pelo mundo das mulheres tatuadas

Reportagem Temática - Ana Flávia Bardella


O extremo do platônico

Reportagem Especial - Lucas Hanashiro



 Que esporte é esse?

Reportagem Especial - Sophia Winkel


O valor do conhecimento  

Reportagem Especial - Débora Fiorini


Para dentro dos portões
Nem tudo é concreto no novo centro de São Paulo. Em plena Avenida Paulista, o Parque Trianon é considerado um pequeno refúgio verde para aqueles que estão cansados da cidade cinza.
Por Débora Fiorini


Reportagem Temática - Brunna Alves do Amaral


Nome: Brunna Alves do Amaral – 2ºJOA
Reportagem Temática

CNH para deficientes físicos

Reportagem Especial - Nathália Giordano



Pedagogia Waldorf: a arte pode ser a solução
A metodologia alternativa ameniza alguns problemas da falta de humanização que 
vivemos


Reportagem Temática - Yan Resende


Viabilidade e desejo popular: o paradoxo do Metrô 24 horas


Reportagem Especial - Pedro Camargo



ROUPAS VELHAS, NOVAS CAFONICES
Comprar em brechó é reafirmação da identidade para alguns jovens em São Paulo



“Um pouco de mau gosto é como um agradável toque de páprica. Todos nós precisamos de um pouco de mau gosto, é saudável, é físico, é emocionante. É do não-gosto que sou realmente contra”.







Diana Vreeland
Ícone da moda internacional,
Antiga editora de Vogue e Harper's Bazaar






As minhas expectativas a respeito dos brechós em São Paulo nunca foram muito grandes. Principalmente devido a minha rinite, a aflição e o medo de ter um ataque de espirros e longos dias de vias nasais congestionadas superavam a ansiedade e a vontade de encontrar algo “super diferente e descolado” - como afirmava minha amiga Marcela, estudante de moda, e mentora das nossas visitas aos mais diferentes brechós.



Naquela tarde, ela me ligou decisiva: “Pedro, vou no B.Luxo, chamei um amigo, mas você também precisa conhecer, já está mais do que na hora”. Nos encontramos ali na Augusta e conheci o Airton – o tal amigo dela – que até aquele momento não tinha apresentado nenhuma resistência. Contudo, ao entrarmos, descobrimos que a decoração possuía elementos assustadores a sua concepção. Eram bonecas. Bonecas antigas, dessas de porcelana, ou de plástico mesmo, com o cabelo falsificado todo bagunçado e aqueles olhos congelados num ponto fixo indefinido. Estavam por toda parte, apesar de um pouco camufladas pelo excesso de objetos antigos muito característicos no recinto. Por alguma razão maior do que ele, o Airton não aguentou ficar mais do que cinco minutos lá dentro. Esperou lá fora, na porta. Eu e Marcela – na época estudávamos juntos na Santa Marcelina, faculdade de moda – começamos a fuçar peça por peça em cada uma das araras, ganchos e armários. Eu fiquei extasiado. Marcela me conhecia - e ainda me conhece - muito bem.



Não nos importamos de deixar o Airton esperando, a experiência de gastar tempo conhecendo e observando era muito cativante. Tão cativante que comecei a estranhar. De acordo com minha mãe e suas opiniões, por vezes, avessas a modernidade, brechós eram lugares onde pessoas desleixadas que não gostam de perder tempo comprando roupas – porque não se importam nem um pouco com o que vestem – encontram algo para vestir. Nesses lugares, outras pessoas, que tinham roupas velhas, feias e quase inutilizáveis, tentavam ganhar algum dinheiro – bem pouco, em geral – ao se desfazer daquela velharia. Essa concepção estava muito distante daquilo que eu vi no B.Luxo. Algumas camisetas chegavam a custar oitenta reais. Em algumas lojas de departamento é possível comprar até três camisetas novas por esse valor.



“Depende muito do que você quer, os brechós são muito divididos entre o que você tá procurando e o quanto você quer gastar” diz Bruno Kawagoe, 20 anos, analista de estilo da grife FIT. “[Existe] um brechó em Moema  que tem roupas da Chanel, Dior, Lanvin” informa o publicitário, frequentador assíduo de brechós. Essa visão prosaica e atrasada da minha mãe caiu por terra há muito tempo. Aquele conceito de brechó não consegue compreender a situação atual deste tipo de estabelecimento em São Paulo. O mercado está mais desenvolvido e continua se desenvolvendo. Aliás, o fato de existir uma lógica de mercado nesse caso já é algo que transcende o que entendíamos por brechó no começo da década.



“A cultura de usar roupas que já terminaram seu ciclo no mercado começa com os hippies. Depois, os grunges retomam de novo o ‘vintage’ pelo lado ‘não tô nem aí’ da coisa. Talvez seja por causa do estilo deles que a gente tenha associado, por um bom tempo, o consumo em brechó com desleixo” explica a mestre em ciência da informação e professora de cursos de graduação e pós-graduação em moda, Astrid Façanha. Contudo, ela também acredita que com a popularização dos brechós, o sentido do termo “vintage” se banalizou. “Se emprestarmos a terminologia da enogastronomia – [que compreende os] vinhos – a gente percebe que ‘vintage’ é uma safra especial, então ‘vintage’ na moda seria uma época marcante, uma escola de um estilista que foi realmente importante para história. Por exemplo: uma peça Chanel, da fase russa, é ‘vintage’, uma peça Yves Saint Laurent da fase andrógena também é”.



O conceito de “vintage” se alterou quase completamente, e está muito comum entre os ditos “fashionistas” (aficionados por moda). Marina Duarte, 24 anos, era publicitária em Goiânia, mas, infeliz com sua vida profissional, jogou tudo para o alto e veio para São Paulo tentar a sorte no mundo da moda. Foi só depois da mudança que ela começou a se interessar por comprar em brechós. Sua intenção ao fazer isso é encontrar roupas que representem o casamento entre o alternativo e o exclusivo. “Comprar coisas novas com exclusividade é um luxo que eu não posso bancar, (...) portanto [comprar em brechó] é a possibilidade de ter algo que é exclusivo e que nem por isso é caro, (...) se você souber onde procurar”, justificou.



O novo significado da palavra “vintage” está, hoje em dia, associado à originalidade de estilo e às opções diferentes de se vestir, encontradas nas roupas de outras épocas. “Há um tempo atrás, existia um certo preconceito por ser usado, velho, cafona... Mas, quando se passa por cima desse preconceito, você encontra verdadeiros tesouros” conta a ex-publicitária, fã de Duran Duran, que acredita que o “bom gosto” é algo extremamente limitador. Astrid Façanha explica que no Brasil, os brechós se tornaram uma alternativa diferente para o jovem consumidor médio do país que estava preso entre a falta de estilo e propostas de moda das lojas mais populares e os preços impraticáveis das lojas luxuosas.







RATOS DE BRECHÓ



Esse é o termo que designa aquelas pessoas que são completamente viciadas e acostumadas a comprar em brechós. Elas estão tão habituadas a fazer compras nesses lugares, que, entre elas, existe um termo chamado “olho de brechó”. De acordo com Nathalia Zemel, 22 anos – desde os dez anos de idade já frequenta brechós com sua irmã – “olho de brechó” é a capacidade de descobrir, em pouco tempo, se aquele brechó específico merece ou não ser explorado a fundo. “Uma vez que eu estou lá dentro e achei que o brechó é bom, eu fuço ele inteiro, (...) o olho para brechó nem sempre funciona” confessa.



Os hábitos de consumo desses jovens variam muito. Os processos são muito particulares. Por vezes, a ocasionalidade de morar ou trabalhar perto de um bom brechó é um fator que influencia a frequência desses consumidores nesses estabelecimentos. Não é sempre que eles estão dispostos a fazer “maratonas” de brechó que envolvem visitas a três ou mais brechós no mesmo dia, mas “garimpar” é algo considerado por quase todos eles, algo imprescindível. “Tem que garimpar. (...) Se você quer achar um negocio bom e quer gastar pouco, tem que procurar: colocar a mão lá embaixo, puxar o tecido, conferir se serve... É um processo demorado, mas é um hobbie. Eu adoro ficar em brechós, procurando, experimentando...” conta Bruno que costumava visitar diferentes brechós na região da Rua Augusta semanalmente.



Nathalia diz que quem é fanático mesmo vai desde o bazar da igreja que tem peças por dois reais, até o brechó “mais caro que a Zara”. Trabalho, faculdade e outros afazeres impedem que esses jovens vão mais aos brechós, Bruno tem ido com menos frequência, e Nathalia não tem mais o mesmo pique de antes para encarar maratonas em busca de achados perfeitos.



Quando perguntei para Nathalia se poderia a entrevistar, ela me respondeu positivamente, contudo colocou só uma condição: disse que não contaria em quais brechós compra suas roupas. “Só vou falar os que todo mundo conhece, tá?”, eu concordei. Depois de conversar com várias pessoas percebi que sempre que eu perguntava aonde ficavam os brechós que elas compravam as respostas eram vagas ou óbvias. “Ah, uns lá na Vila Madalena...”, ou então “Os da Augusta, em geral”. Manter em segredo os endereços é uma espécie tentativa, por parte dos clientes, de não massificar os produtos e conseguir elevar, cada vez mais, a exclusividade das peças compradas. Se ninguém sabe aonde comprar, ninguém terá um vestido, ou uma calça, ou qualquer outra coisa igual à sua.







A ÚLTIMA BATALHA DO ESTILO



“Um dos meus amigos me disse que agora chamam esse tecido de algodão podre” conta Ana Paula Mohallen, 21 anos que começou a ir em brechós por influência de seus amigos que estudam moda. “É uma delícia”. A sensação da roupa que já foi usada, e que não pertence ao nosso momento histórico gera curiosidade e interesse nesses jovens. Saber que elas marcaram uma época específica é um atrativo. O intuito não é achar algo que não pareça velho, pelo contrário: “Eu gosto de imaginar quem usou, porque usou, porque vendeu, etc. Quando você usa no presente, a roupa ganha uma conotação diferente, tem uma informação diferente”. É como se a roupa, por ser antiga, legitimasse a individualidade de quem a veste. “Já fui em muita festa de família com vestido de ombreira oitentista. Todo mundo ficava me olhando!”, brinca Nathalia, relembrando momentos constrangedores envolvendo seu estilo.



“Hoje em dia, é como se as roupas não tivessem mais história. Elas passam tão rápido que não conseguem mais marcar época”, explica Astrid. Ao mesmo tempo que o conceito de fast-fashion domina o mercado de moda – grandes lojas que vendem roupas por um preço relativamente acessível, conectadas com as tendências mais frívolas e fugazes – observa-se que as grandes marcas de luxo – tais como, Prada, Dior, Chanel – e até mesmo estilistas menores estão com os olhos voltados ao passado. Regina Guerreiro, ex-editora da Vogue Brasil e uma das figuras mais influentes e respeitadas na moda brasileira sentencia: “A moda está usando mais da memória do que da criatividade”.



É nesse contexto que a roupa de brechó surge como, realmente, uma reafirmação do estilo próprio. “As vantagens [de comprar em brechó] são muitas, se você compra uma camisa na Zara, um monte de gente pode ter a mesma peça e usá-la da mesma forma. Você fica preso a esse estilo imposto” argumenta Nathalia. A lógica é a seguinte: se a roupa durou até o ponto de estar no brechó e bem conservada é porque, de alguma forma, ela é mais durável em diferentes aspectos: estético e qualitativo.



“Se nós olharmos para as peças ‘vintage’, elas têm o seu certo valor pela construção, pelos tecidos feitos à mão, pelo material ter um trabalho artesanal, como um bordado, um acabamento, que as peças de hoje não tem mais”, considera Astrid. Atualmente, a porcentagem de fibras naturais – algodão, seda, linho, lã, entre outras – são muito menores do que as fibras sintéticas. A roupa é industrializada em todos os sentidos. Desde a produção do tecido até a estilística, tudo acabou se tornando hiper-mecanizado. De certa forma, o brechó ainda é uma maneira de “respirar” fora desse circuito capitalista desregrado. Talvez, a roupa usada ou antiga ainda preserve um pouco da aura de um tempo quando ela tinha um cuidado maior ao ser feita, costurada, e utilizada.



A máxima de Astrid ao final da entrevista era esta: “Ser ‘vintage’ é ser original”, provavelmente, ela está correta.

Reportagem Especial - Rafaela Marchetti


Reportagem especial – Professor Sérgio Vilas Boas
Rafaela Marchetti – 2º JOA
Eles não são representados


Reportagem Especial - Gabriela Boccacio


Nem tudo que brilha é Oscar

Há cerca de 84 anos, a cerimônia do Oscar vem encantando a todos ao premiar os melhores filmes, atores e diretores norte-americanos. O Oscar de Melhor e Atriz é uma das categorias mais cobiçadas e eleva os vencedores a outro patamar. Porém, qual é a trajetória desse prêmio? Existiria algum tipo de atuação que seja mais valorizada?