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domingo, 16 de junho de 2013

Perfil - Brunna Amaral


Comecei a ter contato com minha perfilada escolhida pelo Facebook para fazer o pedido e ir ganhando intimidade. Isso durou aproximadamente duas semanas e então expliquei que precisava me encontrar com ela para conversamos melhor e pessoalmente e convidei-a para vir à minha casa. Ela me passou seu número de telefone para marcamos melhor, e então liguei para ela num sábado. Quando nos falamos ao telefone, para a minha surpresa, ela que me convidou para ir à sua casa, o dia e o horário que fosse melhor para mim. Escolhi segunda-feira, dia 3 de junho, pela manhã, ela topou e me passou seu endereço.


Na segunda-feira me preparei com algumas perguntas na cabeça, minha curiosidade, meu celular, minha câmera, uma caderneta e uma caneta. Cheguei na casa dela, toquei a campainha e eis que aparece a minha personagem. Sandra Castro, mais conhecida como “Pinck”. O tempo estava um pouco frio, e ela ainda estava de pijama. Uma blusa comprida e branca, uma calça num tom rosa claro e um chinelo. Ela me recepcionou de uma forma incrivelmente simpática e acolhedora, da mesma forma que ela aparentava ser pelo Facebook e pelo celular.
Entrando na casa dela tentei observar se havia alguns objetos na cor rosa. Deparei-me com a manta do sofá num tom de rosa escuro e logo ao lado um telefone na cor pink. Ela pediu que eu me sentasse no sofá, e eu me sentei no de dois lugares. Ela se sentou no de três lugares, se esticou no sofá, se cobriu com a manta e comentou sobre o frio. Com seu jeito extrovertido e comunicativo já puxou conversa comigo e não demorou muito para engatarmos nos assuntos e nas histórias que envolvia ela.
Sandra sempre seguiu o exemplo da mãe, que da mesma forma que ela era envolvida com políticas sociais, sempre tentando ajudar ao próximo. Acabou entrando no partido do PSDB aos 17 anos, pois desde pequena se importava muito com o lado social e sempre buscava prestar auxílios às pessoas necessitadas. Aos 19 anos se casou com um médico boliviano, e passou a ter um gosto maior pela área da saúde. Ela socorria pessoas que estavam doentes, sempre dava assistência às pessoas que tinham alguma patologia e distribuía remédios, que eram caros, nas subprefeituras e nas igrejas, para pessoas que não tinham condições de comprar.
Uma praça que se encontra na frente da casa dela antigamente era um terreno baldio, totalmente abandonado e onde as pessoas acabavam jogando muito lixo. As pessoas reclamavam muito sobre a praça e numa oportunidade ela conseguiu uma matéria no SPTV região, com o Márcio Canuto, sobre a praça. Com isso ela conseguiu recursos e empreiteiros, de parte particular, para reformar a praça, que hoje é muito bonita e bem conservada. Por ser bem engajada na política e por já ser reconhecida em sua comunidade, em 2008 ela decidiu se candidatar para vereadora, teve 1860 votos sem campanha, mas não conseguiu o cargo.
Uma das curiosidades que não saiam da minha cabeça era sobre da onde tinha surgido o apelido de “Pinck”, e então perguntei a ela. Ela me contou que sempre que ela saia para fazer suas ações sociais, ela ia com uma roupa rosa e um salto alto, inclusive andava até com umas mechas rosa no cabelo, diziam até que ela era um “ponto cor de rosa”, a partir daí as crianças passaram a chama-la de “tia rosa” e as pessoas a chama-la de “pink”. Foi aí que ela adotou o apelido de “pink”, mas ela não queria que a escrita fosse igual a da cor, então  ela acrescentou um “c” antes do “k” e ficou “Pinck”. Como ela mesma disse: “Eu não sou uma cor, mas sim um estilo de mulher”.  Ela é evangélica e frequenta a Congregação Cristã no Brasil, e até lá ela é chamada de “Pinck”, “elas sempre me falam: A paz de Deus, irmã Pinck!”, conta ela.
Seu carro, um Ford Ka, não escapou da cor, ele também é rosa. O carro é o xodó dela, e não só tem cor diferente como também é tunado. Antigamente ele simplesmente o pintou de rosa, até que o Extra – Supermercados ficou sabendo da existência dessa figura, entrou em contato com ela e ofereceu de tunar o carro no seu estilo, e sem dúvida ela topou. Hoje, os bancos, a marcha, o tapete, e as luzes de baixo do carro são rosa. E ela adora sair com seu carro rosa por aí, e todos acabam reconhecendo ela. Perguntei a ela se trocaria de carro se ela tivesse essa oportunidade. Ela disse que já teve várias oportunidades de comprar um carro zero, mas que ela não quis. O Ford Ka rosa é uma parte preciosa da sua vida e ela quer ficar com ele nas mãos até morrer. Atualmente não seria nenhuma hipótese trocar o carro ou comprar outro, mas se ela comprasse outro carro ela certamente iria tuná-lo com a cor rosa também.
Com relação à cor rosa, ela diz ter um tipo de fetiche com a cor, e gosta da cor desde que ela era pequena. Seu quarto, seu guarda-roupa, alguns objetos da casa, os sapatos, as botas, é tudo cor de rosa. Quando ela ganha presente, normalmente é rosa, e então ela guarda com muito carinho os presentes recebidos, como se fossem uma coleção. Ela conta que às vezes, quando ela se veste, se sente outra mulher, uma mulher mais séria, triste e deprimida, e que aquela mulher não é a Sandra Pinck. A Sandra Pinck que ela é se veste de forma divertida, com a cor rosa, é simpática, engraçada, feliz e dá muita risada. Ela diz que o rosa a transforma, e o humor dela, sempre positivamente.
De todos os objetos e roupas rosa que ela tem, ela tem um em especial. É um lenço de dança de ventre no tom rosa escuro, com umas medalhas douradas penduras. Ela gosta tanto desse lenço que ela evita ao máximo usá-lo e não tem coragem de lavar o lenço. Ela sempre foi admirada pela dança do ventre, e numa época ela conheceu uma moça que dançava a dança do ventre pelo Facebook e resolveu ir assisti-la numa apresentação. No dia a moça estava usando esse lenço na apresentação, e a Sandra ficou encantadíssima. Foi aí que ela foi atrás da moça para pedir o lenço e conseguiu, ganhou o lenço de presente da moça. Hoje ela guarda esse lenço com muito carinho e é a peça mais especial para ela.
Ela já foi muitas vezes julgada pelo seu estilo e jeito de se vestir, tanto pelos próprios familiares quanto pelas pessoas de fora. O filho mais velho, Júnior, de 21 anos acha que ela está muito velha para usar essas roupa e cores chamativas. Quando ele tinha 15 anos já não queria mais entrar no carro pink da mãe, pois morria de vergonha, já o amigos dele curtiam o estilo da Sandra quando passava com seu carro na frente da escola. Já o filho mais novo, Renan, de 11 anos, acha legal a mãe se vestir assim e a apoia, mas sente um pouco de vergonha também.  Atualmente ela está se separando, mas quando ela era casada o marido a apoiava integralmente a usar rosa, e quando viajava sempre trazia algum presente rosa para mimar a esposa. Já sua mãe, apesar de gostar de rosa também e de ter orgulho ao falar da filha e de seu estilo às amigas, ela sempre acaba dando um puxão de orelha quanto ao uso excessivo do rosa. Por onde ela passa, as crianças adoram a Sandra e seu jeito de se vestir. Já algumas outras pessoas criticam as roupas e o carro dela, mas Sandra acaba relevando. Ela dá mais importância ao seu gosto e às pessoas que a apoiam do que aos outros que a condenam pelo seu estilo exótico.
Sandra fez um curso técnico de contabilidade, não por sua própria escolha, mas por escolha dos pais. E um tempo depois fez graduação em contabilidade também. Trabalhou como contadora no Unibanco, no Bradesco e em outras empresas, mas esse trabalho não a satisfazia. Como já havia mencionado, ela acabou se interessando pela área da saúde mais tarde. O marido a apoio em mudar de área, e ela fez curso de enfermagem e instrumentação cirúrgica, e um tempo depois, quando se mudou para o Mato Grosso, fez curso de massoterapia. Atualmente, além das ações sociais que realiza, ela também trabalha como massoterapeuta, reabilitando pacientes com AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ela atende os pacientes em suas próprias casas, é recomendado que o tratamento inicial seja feito uma vez por dia, e com o passar  do tempo esse intervalo vá se alongando. Esse tratamento ajuda o paciente a reaprender a andar, falar, sentir os objetos, e ela sente uma grande gratificação por poder ajudar essas pessoas e em trabalhar com isso.
Com tantas pessoas esperas tentando derrubar os fracos, como ela mesma disse, e com tantas barbaridades que são cometidas, às vezes ela fica meio para baixo, e com vontade de desistir de tudo. Mas aí, ela lembra que são essas pessoas que precisam da ajuda dela, as pessoas fracas, as necessitadas, e então ela já volta a ficar para cima, com seu ótimo bom humor. Na maioria são as crianças que a incentivam a ficar de pé, porque são as mais carentes e indefesas. Ela não mede esforços para ajudar seja quem for, e sua empregada, Valdenice, que a conhece há mais de 9 anos, é prova disso. Nice, como é chamada por Sandra, estava fazendo o almoço enquanto conversávamos na sala, e ela ia ajudando Sandra a se lembrar das histórias. Elas são melhores amigas, porque Nice a acompanha em todos os lugares desde que se conhecem, e ela também é um dos pilares que não deixa Sandra desistir. Sandra conclui que ela não ganha nada material ajudando as pessoas, mas que o verdadeiro retorno é todo o carinho e admiração que ela recebe das pessoas.
Como ela já havia tido contato com vários jornalistas durante sua vida, gosta muito da parte social e de ajudar as pessoas e se diz ser xereta, perguntei se ela já pensou em ser jornalista. Ela disse que admira muito a profissão e gosta de “por a boca no trombone” para denunciar as coisas e falar a verdade, mas que se ela pudesse escolher outra profissão, ela gostaria de ser assistente social, pois ela acha que seria o melhor meio para ela poder ajudar integralmente as pessoas necessitadas. Mas ela se diz satisfeita com tudo o que faz atualmente, e até diz que ela é como uma vereadora, mas sem o título. Ela diz que futuramente pretende se candidatar de novo como vereadora da cidade de São Paulo, ou, se surgir a oportunidade, se candidatar a Deputada de Ibirá, que fica perto de São José do Rio Preto. Caso ela se candidate mesmo, ela pretende investir na campanha.
Toda a conversa fluiu naturalmente e consegui as resposta para as perguntas e curiosidades que eu tinha no momento. Eu disse que por enquanto era só, e que eu entraria em contato novamente para marcarmos outro lugar para conversamos de novo ela assentiu e me convidou para conhecer o guarda-roupa dela. Subimos a escada, entrei no quarto dela, e me deparei com tudo cor de rosa, mais rosa do havia encontrado na sala de estar. Ela me mostrou primeiramente suas botas e sapatos, um mais rosa que o outro, e me explicou que a maioria deles foi comprada fora do Brasil, pois é difícil encontrar essas peças por aqui. Logo depois, ela me mostrou suas roupas, várias blusas, calças e casacos cor de rosa, e seus olhos pareciam brilhar enquanto me mostrava as peças. Pedi para que me mostrasse também o tal lenço cor de rosa que era tão especial, e ela ficou muito animada. Realmente o lenço era lindo, e então pedi para tirar uma foto dela com o lenço. Ela concordou de pronto, e foi trocar sua roupa, se pentear e se maquiar. Parecia a personagem do desenho animado, Penélope Charmosa, toda vestida de rosa. Então tirei algumas fotos, ela realmente parecia empolgada com tudo aquilo.
Antes de ir embora pedi para que ela me apresentasse seu famoso Ford Ka rosa, e com toda a simpatia dela fomos lá. O cara era realmente como ela tinha descrevido, tudo rosa, por dentro e por fora. Tirei algumas fotos do carro também, e dela ao lado do seu xodó. Parecia que foram feitos um para o outro. Disse que logo entraria em contato novamente com ela e ela se despediu de mim de um jeito muito extrovertido.
Continuei meu contato com ela pelo Facebook durante a semana e fomos conversando. Até que ela me convidou para ir com na sexta-feira de tarde da mesma semana, dia 7 de junho, para acompanhar ela numa visita a uns moradores de rua que ela já conhecia, e eu aceitei o convite.
Na sexta-feira apareci lá na casa dela, e ela me recebeu da mesma forma calorosa e cheia de bom humor. Entrei na sala dela, ela perguntou se eu queria beber algo, mas não aceitei. No mesmo instante o telefone dela tocou e ela atendeu. Era uma amiga dela que estava precisando de sua ajuda para marcar algumas consultas médicas. Entramos no carro rosa dela, ela ainda estava conversando com a amiga, e o outro celular dela tocou. Ela parecia estar ligada nos 220, sempre prestando atenção em tudo. Enquanto ela dirigia, ela ia conversando comigo, buzinando e cumprimentando as pessoas conhecidas.
Chegamos ao local, Parque São Domingos, descemos do carro e fomos até os moradores de rua. Todos a reconheceram. Fomos falar primeiro com o Wilson, que era o que morava na rua há mais tempo, cerca de 10 anos, segundo ele. Eles se conheciam há 6 anos, e contou que a Sandra sempre esteve lá ajudando eles, ela ajudava desde com pão com mortadela até socorrendo os moradores que passavam mal para levar no hospital. Quando ela podia, também ajudava doando algumas roupas para eles. Ela sentava, também comia pão com mortadela e conversava com eles. Wilson trabalha com artesanato para ganhar alguns trocados e diz que o que mais ele admira na Sandra é a sua simplicidade, por estar ali ao deles e ajudando eles, mesmo que moralmente.
Também falamos um pouco com o Luís, que era o mais antigo conhecido dela de lá. Eles se conheciam há 10 anos. Ele deu um forte abraço em Sandra e depois foi perambular por lá, mas Sandra contou que ele já passou por muitas coisas. Tinha uma época que ele bebia muito, e Sandra sempre tentou afastar ele desse vício. Ela relata que quando ele está sóbrio ele é uma pessoa muito boa e educada. Logo depois ele reapareceu de novo, conversou um pouco com a Sandra e até chegaram a dar uns passinhos de dança.
Todos os moradores de rua de lá foram muito simpáticos comigo e com a Sandra, e especialmente carinhosos com ela. Eles me contaram um pouco sobre sua vida e seus sufocos, como fazem para se virar, sobre a simpatia e a consideração que eles têm pela Sandra e que ela é uma figura muito divertida e está sempre sorrindo, independente de quem você seja.
Quando estávamos indo embora, ela me convidou para ir à casa da mãe dela e como eu estava com tempo aceitei. A mãe dela, Dona Terezinha era tão simpática como ela e tinha um grande sorriso estampado no rosto. Pedi para que ela me contasse algo que a Sandra tinha feito que marcou ela e ela me contou. Estava Dona Terezinha, a Sandra e seu filho, Júnior, que ainda era pequeno, no carro. O dia estava muito frio e ela viu umas pessoas dormindo na rua, entre elas uma criança. Então ela tirou a roupa do próprio filho para vestir a criança. Isso foi algo que marcou muito ela. E ela se orgulha da generosidade e da bondade da filha.
Quando já era hora de eu ir embora, Sandra me ofereceu uma carona até minha casa e aceitei para poder conversar mais um pouco com ela. Fomos conversando e no meio do caminho ela colocou um CD para tocar. Com orgulho ela explicou que ela mesma tinha baixado as músicas, que faziam parte do passado dela e que ela gostava muito, e ele que tinha gravado também as músicas no CD. Fomos ouvindo as músicas até o caminho da minha casa e íamos conversando também. Quando chegamos nos despedimos e agradeci ela pelo tempo que ela dispôs a mim e pela ajuda. Ela disse que qualquer coisa que eu precisasse mesmo que não fosse de trabalho eu podia recorrer a ela. E ela foi embora no Ford Ka rosa dela e com um belo sorriso no rosto.

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